domingo, 30 de março de 2014

"Tudibom"




Não tive uma semana muito boa, logo na segunda feira me retirei a refletir sozinha e quando achei que já não havia mais o que ser feito, fui abordada por um morador de rua, conhecido do pedaço como "Antônio tudo de bom", oficialmente, Luis Antônio.
Ele sentou ao meu lado e inexplicavelmente começou a contar sua vida, 58 anos de muitos acontecimentos, dores insuperáveis transmitidas por lágrimas sinceras! Quanto mais ele falava, mais eu esquecia do que me afligia. Chegou um ponto o qual já chorávamos juntos, eu com 22 anos sem ter muito o que falar da vida, mas ainda assim tentando contribuir e aliviar. Antônio não sabia exatamente o que se passava comigo e sem eu precisar dizer muito, me passou ensinamentos que jamais esquecerei! Ele mudou meu dia, meu astral, quem sabe um pouco da minha vida...
Em seguida uma amiga telefonou e fui de encontro a ela, se ainda fosse possível, seu carinho e atenção potencializaram tudo o que conversei com Antônio. Eu sabia que o que estava se passando não era simplesmente o acaso, essas pessoas aparecerem e dizerem coisas para me preencher, de certa forma convergindo quando eu mais precisava, mas não conseguia pedir.
E refletindo muito sobre isso, conversando com mais duas amigas, o mesmo aconteceu com elas, de um forma diferente claro. O fato é que nunca estamos sozinhos, basta um olhar sensível para ver e entender isso.
Por mais que o momento seja difícil, boas pessoas nos mostram e relembram que estamos aqui para sermos felizes, nada mais! Eu só espero fazer o mesmo por todos que fizeram dessa semana, uma semana cada vez mais leve.
No mais, "tudibom"!

sexta-feira, 21 de março de 2014

Tudo é despedida


ADIANTE
O que serei eu para além
desta carne pouca e dolorida?
Nesta busca, nesta luta,
haverá descanso ou paz
nestas águas que não cessam?
Acordar, nascer e morrer
com os mesmos olhos e a mesma roupa.
Sonhar e sofrer no mesmo tempo,
Agora.
Haverá algo de mim
nas pessoas que partem?
Nas flores que murcham,
nos anéis que perdi,
nos muros que me lamentei?
Talvez apenas o gosto sutil e macio
de que vamos, incompletos,
sempre adiante.
Ulisses Pinheiro Lampazzi 

De despedida vou vivendo, dos meus amigos, família, lugares, pensamentos... É preciso se despedir para renovar, evoluir quem sabe.
Sinto a necessidade de dizer adeus a mim mesma. Adeus para tanto tempo perdido, para teimosia não mais como insistência, para loucura de desafiar todo e qualquer limite pessoal, para tristeza e vazio espiritual, para amores não amados, para lágrimas tão numerosas contidas, para hábitos sempre tão errôneos, para inconsequência de ignorar a consciência achando que o coração ainda assim é mais sábio, para todas as flores tão belas, agora secas... Adeus enfim, para esse relógio que faz suas batidas ecoarem em meu coração, não me deixando esquecer dessa despedida cada vez mais longa e dolorida do que fui e ainda sou.
    

quinta-feira, 6 de março de 2014

O Ipê Amarelo

"O Ipê amarelo é uma árvore que se destaca bastante, principalmente quando completamente tomado pelas suas flores.Simboliza o ciclo da vida e das mudanças de estações. O verão: nascimento das folhas e brotos; outono: caída das folhas; inverno: floração; primavera: maturação das sementes e semeadura.
É no mês de agosto que o Ipê amarelo floresce com mais vigor, mostrando de certa forma um caminho para cada um de nós. Porque no auge da seca, no auge da tristeza, no auge da bruma seca, é que o Ipê amarelo vai buscar na profundeza do solo a suficiente energia para florescer fantasticamente, brindando à humanidade com potes de ouro extraordinários; mostrando que é possível, mesmo na relação mais complicada, trazer o brilho e a alegria." 
 Fonte: http://www.reitoria.uri.br/~vivencias/Numero_005/simbologia_ipe/simbologia_ipe.htm


Ao fazer este desenho não tinha ideia de significados e simbologias do Ipê amarelo, acabei descobrindo a ligação direta entre a coincidência e o fato. 
Foi feito para uma "pessoa ipê", assim chamo quem tem a capacidade de atravessar mudanças bruscas sem perder a beleza, força e o dom de florescer cada vez mais bela e alegre.
Digamos que "o" plantei anos atrás, acidentalmente... Com o passar do tempo foi crescendo, florindo e despertando cada vez mais a minha vontade de estar por perto. Com a brisa podia sentir o aroma das flores, ao fechar os olhos: ternura e aconchego. Se me aproximava tinha o prazer de tocar e poder olhar minunciosamente cada detalhe, o quanto era resistente, grande e belo. 
Estar com este ipê é se desligar do envolto, é viver de dentro pra fora as melhores sensações, os melhores pensamentos, os melhores sentimentos! É a plenitude de um momento, é estar em paz. 
Felizmente um ipê vive mais de cem anos, já uma "pessoa ipê" não faço ideia. E talvez se soubesse esse tempo poderia limitar minhas possibilidades, assim como a distancia física um pouco já fez. A certeza que tenho é que plantei em meu caminho uma das árvores mais belas e é com muito cuidado e consideração que venho cultivando-a desde então. Pra você que onde chega, por onde passa, nascem flores e amores!