sexta-feira, 21 de março de 2014

Tudo é despedida


ADIANTE
O que serei eu para além
desta carne pouca e dolorida?
Nesta busca, nesta luta,
haverá descanso ou paz
nestas águas que não cessam?
Acordar, nascer e morrer
com os mesmos olhos e a mesma roupa.
Sonhar e sofrer no mesmo tempo,
Agora.
Haverá algo de mim
nas pessoas que partem?
Nas flores que murcham,
nos anéis que perdi,
nos muros que me lamentei?
Talvez apenas o gosto sutil e macio
de que vamos, incompletos,
sempre adiante.
Ulisses Pinheiro Lampazzi 

De despedida vou vivendo, dos meus amigos, família, lugares, pensamentos... É preciso se despedir para renovar, evoluir quem sabe.
Sinto a necessidade de dizer adeus a mim mesma. Adeus para tanto tempo perdido, para teimosia não mais como insistência, para loucura de desafiar todo e qualquer limite pessoal, para tristeza e vazio espiritual, para amores não amados, para lágrimas tão numerosas contidas, para hábitos sempre tão errôneos, para inconsequência de ignorar a consciência achando que o coração ainda assim é mais sábio, para todas as flores tão belas, agora secas... Adeus enfim, para esse relógio que faz suas batidas ecoarem em meu coração, não me deixando esquecer dessa despedida cada vez mais longa e dolorida do que fui e ainda sou.
    

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